domingo, 10 de julho de 2011

Esse magnetismo é sufocante. Impressionante o poder que têm na minha mente, os pensamentos que eu quero esquecer.
Desviar o olhar do que não se quer ver; desviar o olhar do que no fundo se quer ver, mas que não se pode. 
Olha para a direita. Para ali não! Olha para a esquerda. Para ali não.
Esse magnetismo é sufocante.
A minha definição de orgulho é clara e violações públicas a esse contrato silencioso não são permitidas.
Deixas-me viver o Carnaval de Veneza a cada noite; ergo o queixo no esplendor da minha máscara, gasta de tão usada, imitação barata dos traços de uma qualquer rainha, esquecida pelo passar das Eras. Forço o sorriso mais feliz que consigo imaginar e combino-o com um olhar divinamente arrogante numa expressão alheia, consagrada unicamente à minha sede hedonista.
Passo por um espelho e não me revejo. Quem sou eu afinal? Conseguiste retirar esse "Eu" de dentro de mim, esse "Eu" tão fingidor de orgulho e que me protege de uma penumbra que só abraço quando ninguém vê.
Esse magnetismo é sufocante. Não tentes retirar outro "Eu" de mim; não aqui e não agora.
Eu - sou várias. Eu sou "nós". Quem serei quando acordar?
A jovial, com sede de vida, com vontade de fazer tudo? Engraçado, essa sai pouco, mas já a vi.
A apática, que deambula pelo chão frio desta casa na esperança de sentir algo, nem que seja o frio das paredes brancas? Talvez não, amanhã... 
A orgulhosa rainha, de máscara em punho? Quiçá, pela noite dentro, se houver necessidade.
E a aia da rainha? Não nos esqueçamos dela, já que nela concentra o maior número de características do eu elementar. Sem máscara e sem esperança. Permanentemente destroçada e afundada em si...


Esse magnetismo é sufocante.
Por favor, não faças de mim aia quando sou rainha,
pelo menos esta noite.