segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mirror mirror on the wall, who's the saddest of them all?


Apodreço. Continuo a fazê-lo, a minha lucidez não me deixa mentir. Alguém me dê uma bofetada, me parta em mil pedaços para que possa sentir alguma coisa.
Esta cobardia assombra-me todas as horas do meu dia. Não consigo mudar. Sei que iria sentir-me melhor mas algo me impede de o fazer.. ou por fraqueza ou porque no fundo sei que poderia vir a sentir-me ainda mais vazia. Portanto: realmente adiantará?
Os mesmos pensamentos, os mesmos sofrimentos, todos os meses da minha vida. Apenas varia a intensidade.


Como é que posso sobreviver a mim mesma?!

quarta-feira, 21 de março de 2012

"Serei apenas uma farsa?" - o espelho devolve-lhe a pergunta sob o olhar atento da luz desmaiada do candeeiro da meia-noite.
"Provavelmente não passo de uma cabra melancólica". - Este pensamento surge quase como automático. A verdade é que seria uma explicação plausível e até bastante fácil. Arte. Músicas. Palavras. Significados, mensagens "escondidas", interpretações. A procura incessante de uma qualquer ligação cósmica entre linhas soltas de nós que já há muito se desataram, que se desatam e se desfiam, até deixarem de ser nós; sequer linhas, fibras. Nada. E há um vazio enorme, perceptível em instantes nos quais algo faz com que tudo pare... nos quais ela pergunta a si mesma: "O que é isto? Que sensação é esta?". É surreal.
E quando o Nada é o que mais sentido tem, pergunta-se: "Serei apenas uma farsa?". O Tudo está lá fora e o cansaço é demasiado. Por muito melancólica que seja, desculpa-se a si mesma. O Tudo está lá fora, e o Nada está cá dentro ao alcance de uma reflexão.
Até que o Nada tenha algum sentido, pelo menos terá um estado legítimo; um nome pelo qual se reconheça e até um conjunto pitoresco de adjectivos a aplicar-se. "Provavelmente não passo de uma cabra melancólica". - Neste momento não há nada mais que ela pudesse ser, e todo o drama interior faz com que pelo menos se sinta viva. O Nada é o Tudo que a faz sentir viva.
Seja ou não farsa; existem dias que só isso a permitem ser. Alguém anda a brincar com as realidades do mundo e a construir universos paralelos.
Neste universo, ela só quer ser, de forma enfastiante por certo, enigmática, misteriosa e profundamente triste. "Serei apenas uma farsa?" - continua a perguntar-se, encolhida entre os lençóis em posição fetal. Provavelmente sim, mas não neste universo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

same old story, once again; different words

Não escrevo há tanto tempo que já devo ter criado raízes nas paredes do crânio.
Tenho que resolver isto de me querer rasgar toda em mil pedaços;
ou tenho que perceber esta mania que tenho em sentir prazer nesta tristeza brutal que se injecta em todos os meus poros numa overdose de sentimentos reprimidos.
Implosões de dor. Enveneno-me.
E sorrio.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011


A minha alma que se afogava soltou-se, elevou-se e finalmente respirou.
O oxigénio aconchega-me, mesmo tendo espinhos.

domingo, 4 de setembro de 2011

O ponteiro acerta na hora pretendida.
Veste o melhor vestido. Batom rouge, eyeliner e máscara.
Cabelo perigosamente solto, perfume no ar e salto alto.
A noite é fria e sarcasticamente reconfortante; p'ra quê temer o escuro? Tudo é tão belo e difuso.
Deixa-se a noite escorrer pela garganta; o batom desbota nas veias e é-se feliz.
Quer-se deixar os olhares frios p'ra depois, mas as íris não obedecem e deslizam de perspectiva sem que se dê conta.
O ponteiro acerta na hora morta.
A noite despede-se e ameaça com a brilhante promessa de sol.
O vestido, o melhor, parece feito de pó ao jazer esquecido na cama, descobrindo um corpo nu que nada mais pode despir.
Matizes de cor escorrem da face para o papel, esmorecendo a obra-prima. E a luz.
A sensação de efemeridade é imensa e avassaladora. Há um vazio que nem de palavras se pode encher. Que resta? Imagens? Memórias? Cega as tuas íris, darling. Elas podem deixar-te louca.