domingo, 21 de novembro de 2010

Um ensaio em quatro paredes

Sou a minha melhor ouvinte.
A única a suportar os monólogos que as paredes ignoram com escárnio.
O palco desta peça; soalho velho e desgastado, vê subir de saltos altos esta actriz convictamente confiante.
Quebram-se os saltos.
O pedestal desmorona-se e a actriz que era actriz, não o é mais.
Sou apenas uma personagem. Sempre o fui; sempre serei.
A arte de representar preenche as horas mortas, as vivas... e os sonhos.
Será que ainda sei ser eu mesma? Que significa isso afinal? Para que serve?
Ler o guião é tão mais fácil.
Ser actriz de comédia para chorar quando ninguém vê.
Dramática nas palavras, nos olhares e nos pensamentos.
A autenticidade, maliciosa, espreita da esquina. Aproxima-se a covarde, querendo-me resgatar.
Fatídico o seu destino: entorpecida, deixa-se iludir.
Dentro de mim a confino; escondo-a!
Afinal, estou a ensaiar. O seu lugar há-de ser sempre entre 4 paredes; onde só eu a possa olhar.
Os meus maiores segredos só a eles próprios se conhecem.  

wish list


Alguém que diga ao Pai Natal que um bilhete para Marrocos era uma prenda bastante aceitável.
Número 1 no Top de locais a visitar.
"Sou tão mais bonita na junção de vinho com um espelho sujo", diz o meu eu de 14 anos quando salta da gaveta das minhas recordações. "Hei-de estar sempre aqui" - reforça ela a ideia, como se algum dia me pudesse esquecer de quem fui. 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

My brain teach my hands how to write some stuff.

Tão grande é a mentira do homem
Que tão facilmente julga a futilidade
Sem se aperceber que,
a cada dia,
utiliza a ré nas suas psicóticas manias de avaliação.
Estereótipos.
A tua boca cospe-os de forma involuntária;
O teu cérebro cozinha-os antes que tu próprio te apercebas.
Aprendes a amar-te de uma estranha forma,
ao te aperceberes das imperfeições alheias;
aprendes a odiar-te de uma estranha forma,
ao te aperceberes que o teu ego não sustenta...
...as tuas próprias imperfeições.
Mesmo sem a aprovação de Darwin,
gostarias de ser Eva nos primórdios da criação:
Única; perfeita; especial.
A mais bela costela do homem.
Mas quem disse que os critérios de Deus são plausíveis?
Que sabe Ele de beleza a mais que os mídia?
Prefiro antes partilhar 99% do ADN da macaca Marta,
mesmo que não seja a última tendência em Paris.
Tenho pena que os espelhos não mostrem,
o reflexo dos meus intestinos,
apêndice, fígado, pulmões...
Tenho pena que ninguém veja que as entranhas nos são,
a todos nós,
iguais; mesmo que esteticamente pouco agradáveis.
És mais feia? Mais bonita?
Pois digo-te:
A massa de que sou feita é a mesma que te sustenta.
A superioridade;
A inferioridade;
Conceitos que se perdem nos limites da carne e do osso;
Nos limites do que é ser homem; mulher.
Nos limites do pensar; do sentir.
Igualdade!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

It's all in your hands. Go out there and make your dreams come true.

Lust.



Um momento inesperado
Um botão desapertado
Sufocado,
Por uma camisa usada,
manchada, roxa...
Vinho tinto nas meias;
nas veias,
percorre agora o sistema nervoso.
Comanda os teus impulsos,
avulsos;
ateia o coração...
...e desaperta outro botão.