terça-feira, 28 de dezembro de 2010

deep inside of me.

O relógio marca o pôr-do-sol:
Os morcegos e as corujas saem do seu covil,
preparam-se para o deleitar das horas até ao primeiro raiar de luz.
Bebidas quentes.
O gelo há muito derretido pelo calor.
A garganta arde, o humor eleva-se.
A cabeça perde-se e os sentidos dispersam-se na areia molhada.
Não sabes o que fazes, mas nesse momento faz mais sentido que as leis da Física.
E só queres continuar.
Os receios são efémeros mas esse beijo não.
Um beijo que activa todas as terminações nervosas do teu corpo como uma nova droga.
Olhas em tua volta; os noctívagos escondem-se.
O astro rei rouba a magia do espectáculo...
...mas é demasiado tarde.
A dependência atravessou a tua frieza e atingiu a tua complexidade interior.
Mergulhas na água salgada e deixas-te afogar enquanto a libido explode.



domingo, 26 de dezembro de 2010




True women give themselves a little of self-respect. Insects don't have boobs.
I'm proud of my condition and nobody will ever smash me.

domingo, 21 de novembro de 2010

Um ensaio em quatro paredes

Sou a minha melhor ouvinte.
A única a suportar os monólogos que as paredes ignoram com escárnio.
O palco desta peça; soalho velho e desgastado, vê subir de saltos altos esta actriz convictamente confiante.
Quebram-se os saltos.
O pedestal desmorona-se e a actriz que era actriz, não o é mais.
Sou apenas uma personagem. Sempre o fui; sempre serei.
A arte de representar preenche as horas mortas, as vivas... e os sonhos.
Será que ainda sei ser eu mesma? Que significa isso afinal? Para que serve?
Ler o guião é tão mais fácil.
Ser actriz de comédia para chorar quando ninguém vê.
Dramática nas palavras, nos olhares e nos pensamentos.
A autenticidade, maliciosa, espreita da esquina. Aproxima-se a covarde, querendo-me resgatar.
Fatídico o seu destino: entorpecida, deixa-se iludir.
Dentro de mim a confino; escondo-a!
Afinal, estou a ensaiar. O seu lugar há-de ser sempre entre 4 paredes; onde só eu a possa olhar.
Os meus maiores segredos só a eles próprios se conhecem.  

wish list


Alguém que diga ao Pai Natal que um bilhete para Marrocos era uma prenda bastante aceitável.
Número 1 no Top de locais a visitar.
"Sou tão mais bonita na junção de vinho com um espelho sujo", diz o meu eu de 14 anos quando salta da gaveta das minhas recordações. "Hei-de estar sempre aqui" - reforça ela a ideia, como se algum dia me pudesse esquecer de quem fui. 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

My brain teach my hands how to write some stuff.

Tão grande é a mentira do homem
Que tão facilmente julga a futilidade
Sem se aperceber que,
a cada dia,
utiliza a ré nas suas psicóticas manias de avaliação.
Estereótipos.
A tua boca cospe-os de forma involuntária;
O teu cérebro cozinha-os antes que tu próprio te apercebas.
Aprendes a amar-te de uma estranha forma,
ao te aperceberes das imperfeições alheias;
aprendes a odiar-te de uma estranha forma,
ao te aperceberes que o teu ego não sustenta...
...as tuas próprias imperfeições.
Mesmo sem a aprovação de Darwin,
gostarias de ser Eva nos primórdios da criação:
Única; perfeita; especial.
A mais bela costela do homem.
Mas quem disse que os critérios de Deus são plausíveis?
Que sabe Ele de beleza a mais que os mídia?
Prefiro antes partilhar 99% do ADN da macaca Marta,
mesmo que não seja a última tendência em Paris.
Tenho pena que os espelhos não mostrem,
o reflexo dos meus intestinos,
apêndice, fígado, pulmões...
Tenho pena que ninguém veja que as entranhas nos são,
a todos nós,
iguais; mesmo que esteticamente pouco agradáveis.
És mais feia? Mais bonita?
Pois digo-te:
A massa de que sou feita é a mesma que te sustenta.
A superioridade;
A inferioridade;
Conceitos que se perdem nos limites da carne e do osso;
Nos limites do que é ser homem; mulher.
Nos limites do pensar; do sentir.
Igualdade!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

It's all in your hands. Go out there and make your dreams come true.

Lust.



Um momento inesperado
Um botão desapertado
Sufocado,
Por uma camisa usada,
manchada, roxa...
Vinho tinto nas meias;
nas veias,
percorre agora o sistema nervoso.
Comanda os teus impulsos,
avulsos;
ateia o coração...
...e desaperta outro botão.

domingo, 31 de outubro de 2010

Popcorn time



[Collapse(2009) do director Chris Smith]
Tive conhecimento deste documentário através de uma amiga e chamou-me imediatamente a atenção.
A realidade para a qual nos chama a atenção é tão estupidamente chocante que me confesso totalmente estupefacta com as dimensões do monstro em que a sociedade contemporânea se transformou.
Mais: sinto-me totalmente tola; é óbvio que nunca poderei ter um grau de conhecimentos que me permita opinar devidamente sobre qualquer assunto, mas encontrei neste documentário um sem fim de factos sobre os quais nunca me tinha sequer questionado e que estão todos os dias em frente aos meus olhos.


Michael Ruppert foi considerado mais um no grupo dos loucos profetas do Apocalipse. Eu chamo-lhe apenas um ser humano inteligente, consciente e com um grande sentido crítico. Se as suas palavras são duras? São. Enquanto continuarmos a ouvir falar da recessão mundial por intermédio de eufemismos, provavelmente nunca iremos colocar os pés no chão. É exactamente pela simplicidade e pela linguagem directa utilizada que este documentário é tão interessante e chocante ao mesmo tempo. 


Gostaria que toda a população tivesse acesso a este tipo de informações, que pudessem tomar consciência. Não acredito que seja um documentário desanimador, muito pelo contrário. Eu não me tentei suicidar após assisti-lo, com medo que o bicho papão do colapso me comesse. Ao invés, deixou-me mais informada, mais interessada e motivada para saber e fazer mais.


Quanto às partes que mais me chamaram a atenção, uma delas não poderia deixar de ser a que trata da Invasão ao Iraque. Evidencia claramente as verdadeiras intenções dos EUA que sacrificou inúmeros soldados e civis iraquianos para colocar a mão numa quantidade de petróleo que mal dá para disfarçar os números reais do Ouro Negro existente no Mundo. Saddam torna-se um bode expiatório com as supostas armas nucleares e Bush surge como um salvador do povo oprimido.
Aproveitando a deixa da Casa Branca relembro ainda a breve referência feita ao "Nice guy" que por lá mora actualmente e que me chamou também a atenção no filme. Apesar da crença utópica de que Barack Obama ia ser o Salvador do povo americano (ou mesmo do Mundo), continuo a defender que foi a melhor coisa que aconteceu aos EUA nos últimos... séculos? O facto de ser negro veio só por si provar que os americanos estão a mudar a mentalidade e que anseiam por mudança, ou pelo menos a maioria deles. Tenho pena das críticas sensacionalistas da imprensa que lhe cobra milagres esquecendo que há coisas que simplesmente não pode fazer. A toda-poderosa figura do presidente dos EUA está confinada num casulo de interesses, num sistema podre que simplesmente condiciona a sua forma de actuação. Em que país não é assim? Sócrates e Portugal é o exemplo perfeito.


Deixando-me de divagações e chamando a atenção para os trechos do filme que falam de Cuba, da Coreia do Norte, da forma como funciona o crédito e o dinheiro em si, termino esta minha revisão.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sugestão de cabeceira


[Título Original: The God Delusion]
Ainda estou na página 63 e estou a achar absolutamente delicioso. 
Citando um dos excertos que até agora mais me cativou.. (página 29, 1ª edição)


"Por mais apaixonadamente que possa "acreditar" na evolução, o verdadeiro cientista sabe exactamente o que seria necessário para mudar de ideia: provas. Quando perguntaram a J. B. S. Haldane que provas poderiam contradizer a evolução, este respondeu: "Fósseis de coelho no Pré-Câmbrico." Permita-se-me que crie também a minha própriaa versão simétrica do manifesto de Kurt Wise: "Se todas as provas do universo se revelassem a favor do criacionismo, eu seria o primeiro a admiti-lo e imediatamente mudaria de ideia. Contudo, da maneira como as coisas estão, toda a evidência disponível (e ela é abundante) dá razão à evolução. É por este motivo que eu defendo a evolução com uma paixão correspondente à dos que a ela se opõem. A minha paixão baseia-se nas provas. A deles, ao arrepio de todas as provas, é verdadeiramente fundamentalista."


As pessoas são boas; as pessoas são más. É nelas que continuo a acreditar.
Vou continuar a ler encantada, com toda a calma que um belo livro destes requer.

Mundo Paralelo

"Feed your insecurities, feed your brain", my conscience said.

Amo os meus amigos e acredito piamente que também me amem! [Esta minha conclusão ainda que precipitada, roça o limite máximo do quão crente (nas pessoas) eu consigo ser.] Então porque é que o meu cérebro continua a dizer-me que eu tenho um género de pseudo-fobia social? 
Olho-me nos olhos e auto-confesso que não gosto de pensar no julgamento dos outros, que tenho um profundo e insistente medo de parecer idiota e que me consumo a cada dia com um aguçado (afiado?) insisto crítico para comigo mesma. Serei tão estupidamente egocêntrica ao ponto de querer atingir um grau de perfeição que simplesmente não pertence ao meu pequeno mundo? Ou serei tão estupidamente não-egocêntrica ao ponto de esquecer a minha auto-confiança e só conseguir ver-me através de meros espelhos?
Não sei se quero descobrir. Quero uma garrafa com uma % de álcool aceitável, uma caneta e um papel, despejar tudo isto e caminhar.